sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nacoa inicia atividades no Brasil - Filhos de dependentes de álcool e drogas

 
A Nacoa (National Association for Children of Alcoholics) inicia suas atividades no Brasil, atuando de forma independente como afiliada da Nacoa USA.
nacoa
As pessoas mais afetadas pelo álcool e drogas nem mesmo são usuários. São os filhos de dependentes.
A Associação Nacional para Filhos de Alcoólicos e Dependentes, Nacoa Brasil, acredita que nenhuma dessas crianças vulneráveis deva crescer isolada e sem apoio.
Para atingirmos nosso objetivo de eliminar o impacto negativo do álcool e drogas entre crianças e jovens publicamos materiais específicos para profissionais que lidam diretamente com nosso público alvo como professores, médicos e líderes religiosos, além de oferecer informações para pais e familiares sobre o que pode ser feito para aumentar os fatores de proteção entre aqueles que convivem com um dependente. Também oferecemos material educativo direcionado para crianças que convivem com um dependente.
Com base nas informações do I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira produzido pela UNIAD, SENAD E UNIFESP podemos afirmar que existem milhões de crianças convivendo com um adulto que abusa ou é dependente de álcool (sem levar em conta os dependentes de outras drogas). Crianças e jovens que muitas vezes não contam com suporte para lidar com uma situação de extremo estresse que pode ter consequências físicas, mentais, emocionais e sociais, além de maiores possibilidades de virem a se tornar dependentes.
Esse público é invísivel nas políticas públicas em relação a problemática da dependência e também muitas vezes fica invisível na dinâmica familiar da dependência.
Buscamos  profissionais da área de saúde em geral que trabalhem na área de dependência para fazer parte de nosso conselho científico.
Buscamos  profissionais da área de saúde em geral que trabalhem na área de dependência para fazer parte de nosso conselho científico. Caso tenha interesse, favor enviar um e-mail para nacoa.brazil@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou nacoa@nacoa.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . Caso deseje colaborar de alguma forma com recursos ou como voluntário entre em contato pelos mesmos endereços.
Nacoa USA http://www.nacoa.org
Nacoa Brasil http://www.nacoa.com.br

Mais de 9% dos idosos de SP abusam do álcool, diz HC

AE
 
Mais de 9% dos idosos paulistanos consomem bebida alcoólica em excesso, segundo estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas (HC) de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde. O levantamento feito com 1.563 pessoas com 60 anos ou mais apontou que 9,1% dessa população abusa do álcool, o equivalente a 88 mil idosos da capital paulista. Mais do que isso, o estudo traçou um perfil dos idosos que sofrem com o problema.
Entre os dados que se destacam na pesquisa está a influência da escolaridade na incidência do alcoolismo na população idosa. Entre os idosos que nunca estudaram está o mais alto índice: 15,9%. O índice vai caindo conforme aumenta o tempo de estudo dos idosos. Na faixa que estudou de um a quatro anos, o índice de alcoolismo é de 10,9%; entre os que estudaram de 5 a 8 anos, é de 7,5%; de 9 a 11 anos de estudo, o índice chega a 4,4%. Já entre os idosos que estudaram por 12 anos ou mais, cai a 2,2%.
A pesquisa também mostrou que o alcoolismo está presente em todas as classes econômicas, mas principalmente entre as camadas mais pobres. A classe A tem 7% de sua população idosa sofrendo com o alcoolismo. Na classe B, são 3,1% dos idosos e na classe C, 8,8%. Na classe D estão 13,6% dos idosos com problema de alcoolismo e a classe E tem 18,3% dos idosos nessa situação.
Em relação ao estado civil, o maior índice de alcoolismo está entre os casados, com 13% de idosos alcoólatras. Os solteiros têm índice de 6,6% e os separados ou divorciados, 5,6%. Já entre viúvos, o índice é de 4,2%. No geral, o índice de alcoolismo entre os homens idosos atingiu os 20%. Entre as mulheres, esse número ficou em 3,1%.
 
Preocupação
"Os números são preocupantes. O consumo excessivo de álcool é extremamente prejudicial à saúde dessas pessoas acima dos 60 anos. Além dos males clínicos à saúde, há também os problemas sociais, de relacionamento com a família e com os amigos", afirma Cássio Bottino, coordenador do programa de Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria.
Os idosos são mais sensíveis ao efeito do álcool. O uso abusivo de bebida alcoólica aumenta o risco de quedas, problemas de desnutrição, aumento de pressão arterial e doenças cardiovasculares. Além disso, como essa população frequentemente faz uso de medicamentos, a interação com o álcool pode ser altamente prejudicial.
 
Tratamento
A secretaria mantém dois serviços especializados em tratamento de adultos dependentes de álcool e drogas. Uma em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e outra em Itapira, no interior do Estado. O atendimento é feito por equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros.
Além de medicação específica, os pacientes em tratamento têm atendimento psicológico individual e coletivo, participam de atividades físicas e esportivas, como caminhada, natação e futebol, e realizam terapias ocupacionais, como oficinas de pintura, artesanato e expressão corporal, entre outras.
O objetivo das duas clínicas é oferecer um modelo voltado à desintoxicação, mas fora do ambiente de enfermaria hospitalar para o qual essas pessoas costumam ser encaminhadas. Cabe aos municípios realizar a triagem desses pacientes, verificando a necessidade de internação.

Senado exclui alcoolismo de demissão por justa causa

Andrea Jubé Vianna - Istoé
 
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou, em caráter terminativo, projeto de lei que define novos critérios para a demissão de trabalhador dependente de álcool. A proposta exclui o alcoolismo das hipóteses de demissão por justa causa. Se não houver recurso ao plenário da Casa, a matéria seguirá para a apreciação da Câmara.
De autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), o projeto altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos da União (RJU) e o Plano de Benefícios da Previdência Social para que alcoolismo passe a ser considerado doença e o empregado dependente de bebida alcoólica tenha direito à proteção do Estado.
No lugar da demissão, o projeto recomenda que o empregado diagnosticado como alcoólatra seja conduzido para tratamento médico. A proposta ressalva que, se ele não concordar com o tratamento, poderá ser demitido por justa causa. O projeto acrescenta que o empregado que tenha recebido auxílio-doença em razão da dependência, terá estabilidade no emprego nos 12 meses seguintes ao término do benefício.
"O alcoolismo já deixou de ser visto pela comunidade médica e pela sociedade em geral como uma falha moral, havendo consenso, nos dias atuais, se tratar de doença severa e altamente incapacitante, a demandar acompanhamento médico e psicológico", afirma Marcelo Crivella, na justificativa do projeto.
"É impensável que nos dias de hoje a legislação que rege as relações de trabalho se mostre absolutamente insensível à necessidade de atuar como coadjuvante no processo de cura daquele que luta contra uma doença incapacitante", concluiu o relator, senador Papaléo Paes (PSDB-AP), no voto pela aprovação da matéria. Ele lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) relaciona no Código Internacional de Doenças a síndrome de dependência do álcool.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Em recuperação, ex-jogador Sócrates nega dependência de álcool

Como médico formado que é, Sócrates demonstrou total conhecimento do seu estado de saúde e do problema que teve.
São Paulo - Após 17 dias internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo por conta de uma hemorragia no esôfago, fruto de um ponto cirrótico localizado em uma parte sensível do fígado, o ex-jogador Sócrates teve alta na última quinta-feira e segue se recuperando em casa. Nesta segunda-feira, ele falou pela primeira vez com a imprensa após a internação e negou ter dependência alcoólica.
"Álcool é uma droga social, até estimulada para que todos consumam. Mas na verdade, nunca fui dependente de álcool, nunca tive abstinência, tremores. Podia ficar dias, meses sem beber que nunca me fez nada de mal. Bebia mais pela minha timidez, minha dificuldade de relacionamento no início da minha fase adulta. O álcool era uma companhia, assim como o cigarro é para muita gente, até mesmo para mim. É um companheiro para poder conviver bem com parte da loucura que é essa sociedade que a gente vive hoje", declarou, em entrevista à TV Globo.
Em agosto, Sócrates já havia ficado nove dias hospitalizado por conta de uma outra hemorragia. Graças a estes dois problemas, a possibilidade de um transplante de fígado ainda não foi descartada. No entanto, o ex-jogador ainda precisará passar por uma fase de reabilitação antes de receber o novo órgão, caso seja necessário. "O futuro, a gente não sabe. Na verdade, ainda não tenho nem indicação de transplante agora. Até porque a equipe médica tem como condição o paciente estar afastado do álcool há seis meses. Ainda me faltam uns 60 dias para tanto", apontou.
Como médico formado que é, Sócrates demonstrou total conhecimento do seu estado de saúde e do problema que teve. O "Doutor", como era conhecido na época de atleta, justamente por sua formação, ainda brincou com a sua situação. "Fugi do hospital para me tratar", afirmou.
"Demoraram sete horas para achar a causa. Já tem três dias mais ou menos que eu saí. Na verdade, fugi do hospital para me tratar. Se eu tivesse essa lesão no lóbulo esquerdo do fígado, acho que nem eu saberia que a tive. Mas foi bem no processo central circulatório, aumentando a pressão. Isso exigiu demais do processo circulatório entorno, então pude ter lesão por sangramento gástrica, esofágica e até abdominal. Mas estou indo bem, o problema está solucionado e agora é ter paciência para solucionar a coisa e curtir a nova vida", disse.

Agência Estado .

Vera Fischer deixa clínica de reabilitação no Rio após dois meses internada

Atriz saiu acompanhada da filha, Rafaela, e da equipe médica 

Do R7
vera2-fischer-hg-20110928


Liège Monteiro, assessora da atriz, disse que ela está mais
    forte do que quando entrou na clínica

Vera Fischer deixou na manhã desta terça-feira (27) o Núcleo Integrado de Psiquiatria (NIP), na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde estava internada desde o dia 26 de julho para tratar da dependência química. Ela saiu acompanhada da filha e da equipe clínica e não conversou com a imprensa.
Em conversa com o R7, a assessora e amiga da atriz, Liège Monteiro, disse que Vera está feliz e muito mais forte do que quando entrou na clínica, há dois meses.
- Hoje, pela manhã, ela estava muito feliz. Vera está muito animada e bem mais forte do que quando entrou, mas, por enquanto, ela não vai dar entrevistas. 
Vera estava internada por vontade própria desde o último dia 10, quando havia sido liberada pela equipe médica para ir para casa. 
Durante o período de internação, a atriz passava o tempo fazendo atividades terapêuticas e assistindo à reprise da novela O Clone (Globo), na qual interpretou a personagem Ivete.
Essa não foi a primeira internação de Vera Fischer. Por conta do vício em cocaína e álcool, ela chegou a ser internada três vezes no passado. 
Em 2009, em uma entrevista bombástica à revista Contigo!, Vera revelou que começou a cheirar cocaína aos 36 anos.
- Todo mundo cheirava e oferecia. Era muito fácil. Eu ia às festas, às boates e achava ótimo cheirar. Eu dançava muito, ficava alegre, por isso, eu cheirava.
É dessa época a imagem de boêmia que marcou a atriz junto ao público, sempre se jogando na noite carioca.Trajetória

A atriz, considerada um dos rostos mais bonitos da TV brasileira, é mãe de dois filhos: Rafaela, fruto do casamento com Perry Salles, e Gabriel, fruto da união com o também ator Felipe Camargo. Foi a mais velha, Rafaela, quem a levou para a clínica. 
Vera se casou com Felipe Camargo após contracenar com ele na novela Mandala, de 1987, na qual interpretava Jocasta, que se envolvia com Édipo, personagem de Felipe, sem saber que este era seu filho. 
Foi na época do casamento com Felipe que Vera sofreu sua fase mais turbulenta na vida pessoal.
O ator já admitiu que fazia uso pesado de drogas naquela época, ao lado da então mulher. O fim do casamento foi marcado por muita briga e até agressões. Felipe hoje diz estar limpo do vício.
Por conta do problema com as drogas, Vera chegou a perder a guarda de Gabriel para Felipe, que ela conseguiu recuperar depois.
Sua última participação em novelas foi em Insensato Coração (Globo), com a personagem Catarina.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Ainda sabemos muito pouco sobre o crack", afirma especialista em dependência química

Autor de uma das poucas pesquisas sobre o crack no Brasil, o médico Ronaldo Laranjeira critica a falta de ação das autoridades em relação à droga

Vivian Carrer Elias
O médico Ronaldo Laranjeira
Ronaldo Laranjeira: "Essa ideia de focar nas drogas legais para combater as ilegais faz sentido quando falamos de um ponto de vista global, mas é diferente quando discutimos o crack, que ganhou vida própria no Brasil" (Agliberto Lima)
O crack é uma droga sobre a qual muito se fala, mas pouco se sabe. Órgãos antidrogas vêm sendo criados e tímidas ações vêm sendo feitas, mas a aparente falta de resultados pode ser atribuída ao fato de se basearem no senso comum e não em dados oficiais.
Esse é um dos principais problemas apontados pelo médico Ronaldo Laranjeira, especialista em dependência química, professor da UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) e coordenador do UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas). Ele foi autor de uma das poucas pesquisas sobre o crack no Brasil. Seu estudo acompanhou 131 dependentes de crack durante 12 anos. Ao final desse período, cerca de 20% continuavam a usar a droga, 10% estavam presos e 25%, mortos. Não há pesquisa semelhante de âmbito federal. Não se sabe, até hoje, por falta de pesquisas e iniciativas do governo federal, quantos usuários de crack há no Brasil.
Para Laranjeira, o crack é muito mais do que uma consequência do uso de álcool, como muitos pensam. Ele vê a produção e a distribuição da droga como fatores a serem combatidos para uma prevenção adequada. Além disso, acredita que a droga ganhou "vida própria" no Brasil, onde é consumida tanto nas grandes metrópoles quanto em remotas cidades do interior, e cujo consumo aumentou em proporções maiores do que o do álcool. Ele falou com o site de VEJA sobre o assunto.

Recentemente, o governo de São Paulo lançou mais uma unidade antidrogas, o COED (Coordenação de Políticas sobre Drogas), criada com a prioridade de combater as drogas lícitas. O álcool e o tabaco são realmente a porta de entrada para o crack? A política brasileira tem doses de senso comum. Essa ideia de focar nas drogas legais para combater as ilegais é um conceito que vem de países desenvolvidos, que realizam muitos estudos para dizerem isso, e faz sentido quando falamos de um ponto de vista global. Mas é diferente quando discutimos o crack, que ganhou vida própria no Brasil. Não podemos aplicar esse conceito ao falarmos de uma droga que ainda é pouco conhecida, pois há poucas pesquisas sobre ela no país. O álcool e o tabaco são fatores de risco para diversas doenças, e também para o consumo de outras drogas, mas não são os únicos. Por exemplo, o aumento do consumo de álcool nos últimos anos não acompanhou o de crack, e houve queda no consumo de tabaco. As drogas lícitas, portanto, não são a chave de tudo para entendermos o problema do crack. O COED tem função mais preventiva e a prevenção levará anos, enquanto o problema do crack é imediato.

Para o senhor, quais são os outros fatores que explicam essa epidemia? Eu sustento, nos últimos dez anos, a tese de que se criou uma rede enorme de varejo, e não tráfico, para a venda de drogas no Brasil, especialmente cocaína e crack. É uma rede muito bem distribuída, pois há crack tanto em São Paulo quanto no interior do Piauí. Essa rede tem autonomia própria: ela se disseminou muito rápido e a droga ficou muita barata. É um grande problema, pois envolve ampla distribuição, droga barata e muitas pessoas que a consomem, pois os usuários se tornam dependentes. Outro grande problema, em minha opinião, está na produção da droga em países vizinhos: 100% da cocaína consumida no Brasil vem da Colômbia, do Peru e da Bolívia, e 80% de toda a cocaína produzida por esses três países vem para o Brasil.

O que vem sendo feito pelo governo em relação a esses problemas?
Em relação ao crack, nada está sendo feito no momento, não há políticas concretas. Em São Paulo, onde há um grande número de usuários e onde fica a cracolândia, a prefeitura não estabeleceu uma política de urgência para tratar o problema e não ouviu ninguém, nem a academia e nem os familiares de dependentes químicos, que são muito desamparados pelo poder público. É uma vergonha que São Paulo permita a cracolândia por tanto tempo, não foi feito quase nada e as ações realizadas foram tímidas e sem continuidade. O governo federal também não investiu em pesquisas sobre o quadro do crack e nem em políticas contra o problema com as fronteiras. A Secretaria Nacional Antidrogas promete há tempos realizar um grande estudo, mas até agora nada foi publicado. Não sabemos, por exemplo, o número de usuários de crack no país e nem como funciona essa rede de distribuição da droga. Se formos esperar dinheiro do governo federal, não teremos nada. Devemos esperar melhoras do governo estadual. Ele tem dinheiro pra investir em saúde e deve priorizar tratamentos de crack e álcool. É isso que defendo e proponho junto ao Conselho Consultivo de Saúde Mental da Secretaria Estadual da Saúde, do qual faço parte.

Como funciona esse Conselho Consultivo?
Nós somos um grupo que oferece ao governo de São Paulo, desde a gestão de José Serra, nossa consultoria com base em nossos conhecimentos técnicos. Não sou funcionário do governo, é um trabalho não remunerado, mas me sinto na obrigação de oferecer os conhecimentos que tenho em trinta anos de experiência nessa área para que sejam colocados em prática. Esse conselho cobre saúde mental, mas a prioridade é álcool e drogas, especificamente a parte de tratamentos. Estamos finalizando uma proposta para um projeto de criação de novos leitos no estado e vamos apresentar a sugestão para o governador dentro de algumas semanas. Espero que o governador considere, mas a sinalização que nós temos da Secretaria da Saúde é positiva.

A proposta de vocês envolve a criação de quantos leitos? Nossa proposta envolve quase 300 novos leitos de qualidade para tratamento de dependência química no estado de São Paulo, e acreditamos que seja possível começar o ano de 2012 já com eles. Deles, 150 podem ser instalados rapidamente na capital, no Hospital da Água Funda, um hospital fechado que fica em uma área muito privilegiada, ao lado do jardim botânico e do zoológico. Em três meses, acredito que eles possam ser construídos. Os outros ficariam em outras cidades do estado.

Quanto custa, para o governo, cada leito de tratamento para dependentes químicos? Depende. Esses leitos que propomos no Hospital Água Funda custariam entre 150 e 170 reais por dia e por paciente. Minha equipe tem uma unidade de internação em São Bernardo do Campo que eu acho que tem um padrão melhor, pois todos da equipe têm curso e especializações em dependência química, o que não ocorre em nenhuma clínica do Brasil. São 70 leitos, 40 para homens e 30 para mulheres, e cada um custa 170 reais por dia e por paciente. Temos outra unidade em Itapira, interior de São Paulo, com uma equipe um pouco menor e 95 leitos. Custam 95 reais por dia, por paciente. Esses valores são pagos pelo governo do estado.

Fonte: Veja

domingo, 25 de setembro de 2011

Crack está presente em 31% das cidades de SP

O crack já faz parte do dia a dia de quase um terço das cidades paulistas. É o que revela um estudo feito pela Assembleia Legislativa.
A pesquisa foi realizada em 325 municípios, onde se concentra 76% da população do Estado. O diagnóstico aponta que o consumo de crack fica atrás apenas do uso de álcool, que está em 49% das cidades.
Em municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, a droga já empata com a bebida. Em todo o Estado, o crack já preocupa mais do que substâncias como maconha, cocaína e entorpecentes sintéticos.
Outro dado preocupante apontado pela pesquisa é que em 79% dos municípios não há leitos hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde) destinados aos dependentes químicos.
A falta é mais acentuada quanto menor é a cidade, chegando a 91% naquelas com menos de 5 mil habitantes.
O levantamento, realizado nos últimos meses, mostra ainda que apenas 5% dos prefeitos que responderam ao questionário recebem auxílio do governo estadual e 12% do federal.

Fonte: R7.com

img-21-09-02.jpg

Alcoolismo mata quase o mesmo que crack

img-20-09-01.jpg
Um estudo da Unifesp mostra que, em 5 anos, morreram 17% dos dependentes de álcool atendidos em uma unidade de tratamento de São Paulo.
De acordo com o médico Ronaldo Laranjeira, que chefiou a pesquisa, o índice se aproxima da mortalidade encontrada no tratamento de viciados em crack.
Estudo semelhante feito com usuários da droga mostra que 30% dos dependentes morreram após 12 anos de uso, a maioria nos cinco primeiros anos.
A pesquisa foi atrás de 232 pessoas atendidas numa unidade de atendimento do Jardim Ângela, zona sul. Após 5 anos, 17% dos pacientes havia morrido pelo vício.
“Venho notando há muitos anos que a mortalidade é muito alta, e o estudo confirmou isso”, diz Laranjeira. As mortes estão relacionadas à violência (66% dos casos) e às doenças decorrentes do uso de álcool (34%).
Em comparação com a mortalidade de alcoólatras em outros países, os números preocupam. Na Inglaterra, segundo Laranjeira, a parcela não chega a 0,5% de atendidos mortos em um ano.
“Morre-se muito porque não temos uma rede assistencial de proteção”, diz o especialista, que acha que faltam investimentos públicos na área. “Os gestores de saúde não dão a devida prioridade ao alcoolismo”, diz o especialista.

Fonte: Band.com

Multa por venda de bebidas a menor chega a R$ 87,2 mil

ECA só proibia a venda de bebidas alcoólicas para menores, não havendo punição para os estabelecimentos

21/09/2011 - 18:29

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou nesta terça-feira (21) um projeto de lei do governo estadual que proíbe a venda, oferta e permissão de consumo de bebida alcoólica a menores de 18 anos em estabelecimentos comerciais do estado. O projeto cria mecanismos de fiscalização e controle para cumprimento do que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e agora segue para a sanção do governador Geraldo Alckmin.
Segundo o a assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes, o ECA só proibia a venda de bebidas alcoólicas para menores, não havendo punição para os estabelecimentos que permitissem o consumo, mesmo no caso de adolescentes acompanhados de responsáveis.
O projeto prevê aplicação de multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias - ou até mesmo a perda da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS - de estabelecimentos que vendam, ofereçam, entreguem ou permitam o consumo em suas dependências de bebida com qualquer teor alcoólico entre menores de 18 anos de idade.
"Nós vamos fazer 30 dias de um trabalho educativo, de informação e de divulgação e a partir de então começam as blitze para exigir o cumprimento da lei. Hoje o jovem começa a beber com 14 anos e isso leva à violência, desastres com carro e motocicleta, risco de outras drogas e dependência química. Então esse é um passo muito importante em São Paulo pela saúde dos nossos jovens", afirmou o governador Alckmin sobre a aprovação do projeto de lei 698/2011.
Segundo o governo estadual, serão desenvolvidas ações para tratamento, educação e fiscalização do consumo indevido por álcool por adolescentes e haverá abertura de clínicas de tratamento para dependentes. O governo paulista pretende ainda implementar ações em escolas, além de intensificar as blitze da polícia para flagrar e punir motoristas alcoolizados.
Todas as ações fazem parte do plano de combate ao álcool na infância e adolescência lançado pelo governo paulista em agosto. O estado já conta com um sistema de controle de venda de bebidas alcoólicas a menores em supermercados.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Drogas no trabalho: o que as empresas podem fazer pelos funcionários

Programas de prevenção e combate ao uso de drogas sempre encontram barreiras, principalmente dentro das empresas, onde existe um tabu em relação ao assunto. Álcool, maconha e cocaína, entre outras drogas, são frequentes no ambiente de trabalho, mas seu uso muitas vezes passa despercebido. O problema é que queda na produtividade, absenteísmo e falta de motivação nem sempre são atrelados ao uso de drogas pelos funcionários.

As drogas mais comuns em algumas profissões

Médicos e enfermeiros
Especialmente anestesistas, cirurgiões e profissionais que trabalham em UTI tendem a consumir os chamados opiáceos, como a morfina e a dolatina. Após duas ou três vezes de uso, a pessoa pode tornar-se dependente

Caminhoneiros e motoristas de ônibus
As anfetaminas são as mais utilizadas por esses profissionais. Como, muitas vezes, são obrigados a se manter acordados a madrugada toda, recorrem à droga. Mas o efeito cessa abruptamente e, de uma hora para a outra, o usuário pode dormir no volante, o que pode causar sérios acidentes.

Operadores da Bolsa de Valores, advogados, publicitários e jornalistas
A pressão do tempo, o acúmulo de trabalho e a necessidade de produzir intensamente são razões que levam à escolha da cocaína, droga altamente estimulante, por parte desses profissionais; o álcool também é praxe, principalmente para relaxar após um dia todo de trabalho

Marinheiros e estivadores
Não somente esses profissionais, como os demais que trabalham em espaços abertos encontram menos obstáculos para consumir maconha, crack ou drogas injetáveis.

Jovens profissionais
Ecstasy, ácido e "poppers": as drogas da moda são as que mais atraem o público jovem, que pode começar a semana de trabalho baqueado pelos abusos cometidos nas baladas de final de semana

Como cada droga interfere na rotina do funcionário

Álcool
Os efeitos físicos vão de sensação de moleza e cansaço e dificuldade para se concentrar a dor de cabeça e enjôo, entre outros. Além disso há desconforto também para quem trabalha ao lado. O álcool é responsável por grande parte dos acidentes de trabalho que acontecem após o almoço. Quem usa essa droga tende a ser inquieto, ansioso e, às vezes, agressivo quando quer beber e não pode. Os médicos alertam para o perigo da cultura do "happy hour": recorrer à bebida para relaxar após o expediente pode levar à dependência. O álcool é ainda um dos grandes responsáveis pelo absenteísmo na segunda-feira: a pessoa bebe muito no final de semana e não consegue encarar o trabalho por causa da ressaca.

Cigarro
Aproximadamente a cada 30 minutos, o fumante começa a apresentar sintomas sutis de abstinência, como irritabilidade, inquietação, ansiedade e queda na concentração. É comum que ele conviva com esses sintomas o dia todo, livrando-se deles só ao acender um cigarro. Outra decorrência do vício é a queda na produtividade. A maioria das empresas hoje oferece os "fumódromos", que protegem os não-fumantes. Contudo, toda vez que vai fumar, o funcionário perde pelo menos dez minutos de trabalho, sem contar o tempo que leva para voltar a se concentrar. Quem fuma também tende a sentir menos disposição e faltar mais ao trabalho por doença, em consequência da queda de resistência, por exemplo.

Maconha
Quando retoma suas atividades, quem usa maconha tende a ficar desatento, disperso e com dificuldade para realizar tarefas mais complexas ou para processar várias informações ao mesmo tempo. Esses efeitos podem acometer também o usuário de final de semana e ainda com mais intensidade quem consome um cigarro de maconha todo dia. Segundo os médicos, a capacidade de concentração fica comprometida durante dois ou três dias posteriores ao uso. Quem consome a droga três vezes por semana, pelo menos, pode apresentar menor motivação no dia-a-dia.

Cocaína
Em geral, usuários de cocaína tendem a ficar instáveis mentalmente, apresentando comportamento mais impulsivo e irritadiço. O consumo no trabalho pode deixar o usuário muito eufórico em uma reunião, agressivo em outra e, não raro, deprimido após o efeito do entorpecente.

Como companhias modernas ajudam o funcionário dependente

- Divulgam, claramente, para os funcionários de todos os níveis e setores que estão iniciando um projeto de prevenção e combate ao uso de drogas.
- Deixam claro que o empregado que participar do programa não será demitido, mas sim orientado e tratado.
- Incluem esses programas em outros maiores, de qualidade de vida, o que diminui o preconceito com o tema.
- Definem como primordial a participação da diretoria da empresa no projeto.
- Não obrigam o profissional a aderir; a participação é sempre voluntária.
- Montam equipes multidisciplinares que coordenam o programa, formadas por médicos, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, entre outros profissionais.
- Montam equipes de monitores -funcionários treinados para "educar", orientar e encaminhar para tratamento eventuais dependentes químicos.
- Oferecem consultas com psicólogos, dentro e fora da empresa.
- Custeiam tratamentos ambulatoriais, internações e medicamentos (como adesivos para parar de fumar).
- Estendem a familiares alguns dos benefícios oferecidos aos empregados.

Resultados de algumas empresas

Avon
De 1996, quando o programa foi instituído, até hoje, foram atendidos 82 funcionários com dependência química, dos quais uma média de 70% obteve sucesso no tratamento.

Azaléia
Dos 750 fumantes que participaram do programa de combate ao fumo realizado pela empresa no ano passado, no Rio Grande do Sul, 10% pararam de fumar.

Correios
De dezembro de 1995 a novembro de 2002, foram tratadas 183 pessoas que apresentavam problemas com drogas, sendo que 70% delas conseguiram se recuperar.

CPTM
Desde 1996, cerca de 6.300 funcionários participaram do programa contra o uso de drogas. Destes, 300 foram identificados como dependentes, e não chegou a 50 os que tiveram de ser encaminhados para tratamento fora da empresa.

Infraero O programa de prevenção e recuperação, instituído em 1991, atendeu até este ano cerca de 110 funcionários, dos quais 90% se livraram da dependência química.

Sesi-RS
De 1994 a 2000, graças ao Projeto de Prevenção ao Uso de Drogas no Trabalho e na Família, houve redução de 16% no número de fumantes; o consumo de álcool, considerando sua frequência e a quantidade consumida, diminuiu 12,5%; 131 trabalhadores abandonaram as drogas ilícitas; as faltas por motivo de doença ou incapacitação caíram, em média, 10%; o número de trabalhadores que costumavam se atrasar diminui de 7,2% para 5%; e a empresa passou a ser a primeira fonte de informação sobre drogas para 82% dos trabalhadores.

Volkswagen
É de cerca de 60% o índice de recuperação de dependentes químicos que participam do programa de prevenção e tratamento. As internações hospitalares por dependência química despencaram de 150 para seis -números referentes, respectivamente, ao primeiro trimestre de 1996 e ao mesmo período de 2002. Em três anos consecutivos, houve redução de 58% das horas não-trabalhadas.

(Folha de S. Paulo - 13/03/03)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Anúncios de cerveja incentivam consumo de álcool entre adolescentes, diz estudo

Jornal do Brasil


No artigo “Propaganda de álcool e associação ao consumo de cerveja por adolescentes”, publicado na edição de junho da Revista da Saúde Pública, os pesquisadores mostram os resultados do estudo que interrogou 1.115 estudantes, do 7º e 8º anos de escolas públicas de São Bernardo do Campo, através de um questionário. As perguntas propostas avaliavam fatores como a monitoração dos pais, uso prévio de cigarro, importância da religião e influência das propagandas de bebidas alcoólicas.
A pesquisa revelou que os jovens se identificam com o marketing da indústria de bebidas, pois os comerciais parecem refletir situações de suas vidas. Segundo o artigo, essa similaridade faz os adolescentes classificarem a mensagem recebida como verdadeira, como exemplifica uma das opções mais marcadas no questionário: "as festas que eu frequento parecem com as dos comerciais". A noção de fidelidade à marca, exposta constantemente nas propagandas de cerveja, também foi descrita como de impacto essencial para a ingestão de álcool precocemente.
Proposta
Como solução, o estudo propõe que sejam implementadas diretrizes mais rígidas para a veiculação de tais propagandas na televisão. Os pesquisadores tomam como exemplo o projeto de restrição à veiculação dessas propagandas em certos horários, como o proposto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde em 2008, e posteriormente derrubado. Para isso, o artigo explicita que é necessário lutar contra uma série de interesses da indústria de bebidas e de representantes dos meios de comunicação.
Outra solução proposta pelo artigo é o investimento em medidas educativas que preparem os jovens para a exposição a este tipo de propaganda, diminuindo assim seus efeitos. “A educação para a mídia visa compreender como as propagandas moldam o entendimento dos jovens sobre seu ambiente. O objetivo é fazer com que o receptor da mensagem – o adolescente – desenvolva uma visão distante e crítica, que o capacite a formar julgamentos e tomar decisões próprias”, comentam os autores.
“Certamente a mídia não é causa direta de consumo de bebidas alcoólicas”, continuam os pesquisadores. “Porém, há associação entre essas mensagens vindas da mídia e o comportamento dos jovens. É nessa conversão da ideia para a prática social que reside uma parte da chamada ‘responsabilidade social’ da propaganda de maneira geral e, particularmente, da indústria do álcool, que não pode ser negligenciada”, afirmam os pesquisadores no artigo.
Com Agência Notisa
Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), os jovens brasileiros começam a experimentar álcool aos 12 anos. Um estudo recente de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo, desenvolvido pela professora Roberta Faria e colegas, buscou relacionar os fatores pessoais, biológicos e sociais com a influência das propagandas de televisão que proporcionam esta iniciação precoce.

Uma luz nas cracolândias

129_128-codigoBlog do Noblat

O governo da presidente Dilma Rousseff abriga uma fauna que vai do exótico ao predador, com alguns espécimes raros. Exemplo do lado escuro do zoo é a médica Paulina Duarte, secretária Nacional de Políticas sobre Drogas, que nega haver “epidemia de crack” e diz que quem combate entorpecente está fazendo “pedagogia do terror”.
Em diferentes cargos, Paulina está na Senad desde o descobrimento do Brasil, em 2003. Portanto, não é coincidência que o crack tenha se transformado na epidemia que ela nega.
É fruto de muita incompetência, ideologia retrógrada e falta de atenção da Presidência da República, que não exonera um tipo desses.
Tempos atrás, com aquela cara de petista no crachá da repartição, Paulina se arvorou no Senado de representante da República, pois teria unificado em torno de sua ineficiência os ministérios da Saúde e da Justiça.
Pedagogia do terror é gente desse quilate falar em nome de pastas tão importantes. O titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, recebeu essa herança maldita, estacionada na poltrona há cinco ministros, e não teve forças para exonerá-la.
O da Saúde, Alexandre Padilha, pertence à parte clara da floresta, porque foi a cracolândias sentir de perto o drama de usuários transformados em molambos. Voltou de lá apoiando a internação compulsória, uma saída para oferecer tratamento aos dominados pelo vício, cuja única vontade é usar drogas o tempo inteiro.
O que Padilha viu sob marquises em São Paulo é a epidemia negada por Paulina. Está na maior das cidades e em todas as aglomerações, de qualquer número de habitantes. A dor das famílias é pungente, principalmente das mães. O sofrimento espalha-se entre os amigos.
O dependente químico abandona tudo, escola, trabalho, casa. Gasta seus pertences, passa a pegar dos pais e aí vem a primeira fase crudelíssima, a fuga. Ganha as ruas, perde a vida. Quando não é o traficante que mata, morre num roubo em busca de dinheiro para pagar as pedras, morre com os efeitos do crack no organismo.
Vítima do entorpecente, mas também de autoridades como Paulina.
Impossível olvidar o clamor. No ano passado, pedi na internet sugestões de projetos. Milhares sugeriram fazer algo para combater o crack e a forma é a do tratamento.
A ala do governo que deixa o usuário morrer à míngua despenalizou o uso de drogas, ou seja, a família nada pode fazer além de assistir ao definhar do ente querido. Para ela, não valem documentos legais como o Decreto-Lei 891, do distante 1938, ou a recente reforma psiquiátrica (10.216/2001).
Por isso, apresentei o projeto 111, em 2010, com regras que vão de ocupar as fronteiras aos cuidados com a saúde do usuário. Os aplausos populares foram no mesmo tom da repulsa oficial, pois a Esplanada parece ter uma paulina atrás de cada mesa. Mas, enfim, um detentor do poder deixou o gabinete e foi ouvir a voz rouca das cracolândias.
Paulina, no dicionário, significa praga, imprecação, forte reprimenda. Paulina, na Senad, precisa ouvir tudo isso, porque o País já não agüenta ver o seu futuro em andrajos com o cérebro carcomido.
Além da corrupção, os ministérios têm essa fauna a ser deglutida pelos bueiros durante a faxina, se limpeza houver. A irregularidade engole o dinheiro, a política pública errônea rouba a esperança.
O que será dos usuários com uma secretária que não os admite? O que será do Brasil com uma secretária maléfica que o ministro não demite?
Entre um Padilha sabedor dos caminhos corretos na busca pela solução e uma Paulina achando que pedra de crack é bombom, está a sociedade. O sentimento de impotência é tamanho que só lhe restam as orações e o choro. Recolher os trapos na calçada, reconhecer o corpo no IML e lamentar a perda.
Felizmente, surgiu um figurão na esquina e pode ser uma luz para os sobreviventes, um alento para quem já secou as lágrimas, um ponto a quem resistiu. E, já que Dilma não remove os entulhos da Senad, que Deus nos livre das Paulinas.

 Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)