quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Número de fumantes cai 20% em seis anos no Brasil

  
A prevalência de fumantes no Brasil diminuiu 20% nos últimos seis anos, passando de 19,3% em 2006 para 15,6% em 2012. A queda foi maior entre os adolescentes do que entre adultos e mais acentuada em homens em comparação com mulheres. Apesar disso, o padrão de consumo do tabaco no país piorou – os fumantes estão consumindo mais cigarros por dia e considerando cada vez mais difícil passar um dia sem fumar.
Esses dados fazem parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), feito por pesquisadores da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo entrevistou no ano passado 4 607 pessoas com mais de 14 anos de 149 municípios brasileiros.
Principais dados do estudoInformações fazem parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), feito na Unifesp, em 2012

  1. • Metade dos brasileiros já experimentou cigarro. A idade média da primeira tragada é de 16 anos.
  2. • A taxa de fumantes no Brasil diminuiu 20% entre 2006 e 2012. Neste ano, 15,6% das pessoas com mais de 14 anos fumavam.
  3. • Entre 2006 e 2012, o tabagismo diminuiu entre ambos os sexos, em todas as regiões brasileiras e entre todas as classes sociais, exceto a classe A.
  4. • Os fumantes consomem, em média, 14,1 cigarros por dia.
  5. • Um em quatro fumantes acende o primeiro cigarro até 5 minutos depois de acordar, e a maioria acha difícil passar um dia inteiro sem fumar.
  6. • Nove em dez fumantes gostaria de deixar o cigarro, mas poucos fazem planos para que isso aconteça.
  7. • A maioria dos fumantes menores de idade não encontra dificuldade para comprar cigarro. A maioria o faz em bares.
Queda — Segundo os resultados, o tabagismo entre adolescentes de 14 a 18 anos passou de 6,2% em 2006 para 3,4% em 2012, uma redução de 45%. Já entre maiores de 18 anos, essa taxa diminuiu de 20,8% para 16,9% no mesmo período, uma queda de 19%.
Embora a prevalência de fumantes seja maior entre adultos do sexo masculino do que do feminino (21%, ante 13% em 2012), a queda nos últimos seis anos foi mais acentuada entre homens do que mulheres (22% e 13%, respectivamente). Esse dado indica a possibilidade de, no futuro, a taxa de fumantes ser semelhante entre ambos os sexos.
A redução do tabagismo entre adultos ocorreu em todas as regiões brasileiras. O Sul apresentou a maior diminuição, de 23%, mas continua sendo a região com a maior prevalência de fumantes do país (20,2%), à frente do Sudeste (17,7%), Centro-Oeste (17%), Norte (14,4%) e Nordeste (14,2%).
O fumo diminuiu entre pessoas de todas as classes sociais, com exceção da classe A, que dobrou a prevalência de tabagismo (de 5,2% em 2006 para 10,9% em 2012). Uma das possíveis explicações para esse dado pode estar no fato de alguns fumantes deixarem o cigarro por ele pesar no bolso: 6,4% das pessoas alegaram parar de fumar para economizar dinheiro. Outras 79,8% justificaram preocupação com a saúde.
“A diminuição do tabagismo é um tendência mundial, mas o Brasil precisa continuar se mobilizando para combater o problema. Hoje, ao lado do álcool e da pressão alta, o cigarro é um dos principais causadores de doenças no mundo”, diz Ana Cecília Marques, psiquiatra da Uniaid. “Até o fim da década de 1980, ninguém achava que o cigarro causava dependência e oferecia danos à saúde. A sociedade está reagindo ao tabagismo apenas agora.”
Características do vício — De acordo com o estudo, metade dos brasileiros já experimentou cigarro – em média, isso acontece aos 16 anos de idade. Entre aqueles que já fumaram alguma vez, metade se tornou um fumante frequente, sendo que 21% abandonaram o cigarro.
As características de consumo de cigarros pioraram de 2006 para 2012. Nesse período, os fumantes passaram de 12,9 para 14,1 o número de cigarros que fumam em um dia. Além disso, a taxa de fumantes que consomem o primeiro cigarro até 5 minutos depois de acordar aumentou de 18% para 25%, e dos que acham difícil ou muito difícil passar um dia sem fumar aumentou de 59% para 67,8%. Esses três fatores são considerados como indicares de dependência.
Longe do cigarro — Segundo a pesquisa, 90% dos fumantes entrevistados gostariam de abandonar o cigarro, mas apenas 17% estão fazendo planos para que isso aconteça. Mais da metade (63%) disse já ter tentado parar de fumar sem sucesso, embora menos de 10% tenham feito algum tratamento com esse objetivo. A maioria buscou ajuda de algum membro da família ou de amigos.
“A política de tratamento contra o tabagismo no Brasil sem dúvida está ultrapassada. Ela não pode mais se basear apenas no número de cigarros que uma pessoa fuma por dia, mas sim ser uma abordagem cada vez mais individualizada”, diz Maria Cecília. Segundo ela, o tratamento contra a dependência em cigarro pode incluir psicoterapia, uso de medicamentos que evitam uma recaída, reposição de nicotina com adesivos ou chicletes e até antidepressivos em casos mais graves.

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