domingo, 19 de janeiro de 2014

México e a luta contra cartéis das drogas

Wikimedia Commons
No país estão sendo travadas sangrentas batalhas entre exército, as autodefesas e narcotraficantes. A violência já matou mais de 80 mil mexicanos e deixou outros 30 mil desaparecidos
16/01/2014
Por Vanessa Martina Silva,
Desde 2012, diante da inépcia do governo para combater o narcotráfico no país, civis se armaram e passaram a lutar contra os cartéis de drogas instalados em diferentes regiões do país. Até agora, os grupos já assumiram o controle de pelo menos 11 municípios de Terra Caliente, a oeste de Michoacán e avançam rumo a Apatzingán, uma cidade de 80 mil habitantes, que é o centro político e econômico da região e está a 480 quilômetros da Cidade do México.
De acordo com o jornal espanhol El País, neste domingo (12), civis armados entraram em Nova Itália a bordo de picapes identificando-se como “policiamento comunitário”. Segundo o jornal, eles informaram aos moradores da cidade de que a partir daquele momento seriam os responsáveis pela segurança da comunidade. Quem compartilha do mesmo objetivo, que é expulsar o cartel dos “Cavaleiros Templários” da cidade, pode pegar em armas e se juntar-se a eles.
Os integrantes dos grupos justificam a ação com o argumento de que os prefeitos e a polícia local colaboram com os traficantes de drogas e perseguem os grupos de autodefesa.
Para tentar conter a crise, o governo pediu que os grupos voltassem às suas atividades normais e deixassem a segurança das comunidades a cargo da polícia, mas eles já sinalizaram que não vão depor as armas “nem negar ajuda aos municípios que as requeiram”.
O líder da esquerda e ex-candidato à presidência do país, Andrés Manuel López Obrador, declarou que a política de segurança do presidente Peña Nieto é similar à de seu antecessor Felipe Calderón (2006-2012). Em seu Twitter, sentenciou que Peña Nieto “não resolve a questão a fundo e pretende apagar o fogo com mais fogo”. Durante a gestão de Calderón, que prometeu acabar com o narcotráfico, a violência aumentou e se espalhou pelo país.
Na mesma linha, o editorial do jornal La Jornada desta quarta-feira (15) observa que “as ações do governo federal diante da crise em Michoacán, longe de fornecer um fator de estabilidade e certeza à entidade e ao país, geraram maior incerteza na opinião pública e volatilidade à situação deste estado”. De acordo com o texto, enviar tropaspara a região agrava ainda mais o conflito já que “militares são treinados para liquidar o inimigo”, o que nos obriga a pensar nos “numerosos episódios de violência e injustiça contra a população ocorridos em regiões afetadas pela criminalidade organizada”.
E conclui que “em todo caso, esses fatos indicam uma ausência muito mais preocupante: a de uma estratégia governamental coerente e integral – policial, de inteligência, política, econômica, social – para fazer frente a fenômenos de insegurança pública que começam a se converter em confrontos de grande escala entre grupos armados. Se o atual governo não é capaz de formulá-la prontamente, o país viverá mais seis anos de violência descontrolada, decomposição institucional e barbárie multiplicada. Esperemos que não seja o caso”.

As drogas serão legalizadas?

maconha, marijuana, drogas

O mundo está perante um problema complicado – como liquidar o tráfico de droga e destinar o dinheiro obtido através da venda da marijuana para fins sociais e evitar com isso a marginalização dos consumidores na sociedade.

Em 2011, a Comissão Global para a Política Antidroga, da qual fazem parte altos responsáveis da ONU, recomendou, no âmbito do combate ao narcotráfico, experimentar a legalização de alguns tipos de drogas.
Segundo os dados do Comité Internacional sobre o Controle de Droga, cerca de 250 milhões de pessoas consomem droga e quase dez milhões são narcodependentes. Além disso, milhões se empenham na produção e distribuição de várias drogas. O ópio faz parte de muitos preparados médicos, enquanto que o consumo de marijuana pode ajudar na solução de problemas com menor risco para saúde.
O maior problema continua sendo a existência de numerosas quadrilhas que vendem estupefacientes. A proibição da marijuana no mercado faz com que vão surgindo novos análogos. Por isso, muitos países chegam à conclusão de que legalizar as drogas leves seria, em termos econômicos e sociais, mais conveniente.
A França será, pelo visto, um do países a legalizar a venda de drogas leves. O primeiro passo já foi dado – nas farmácias será vendido um remédio produzido à base de marijuana. Foi provada a sua eficiência no combate a esclerose e às doenças oncológicas e o consumo de marijuana foi permitido no estado de Colorado, que veio assim completar a lista de 20 estados norte-americanos que legalizaram a droga.
O proveito econômico está à vista. Após a abertura de 24 lojas que vendem maconha, no estado de Colorado, o lucro com a venda de drogas superou 2,5 milhões de dólares. Segundo peritos, em 2014, este montante será de 2,34 bilhões. Na opinião do politólogo russo Serguei Mikheev, o mundo está enfrentando um problema de subcultura narcótica.
“A revolução no consumo de drogas já aconteceu. As drogas se tornaram uma parte integrante da cultura mundial desde os anos 70 do século passado. Quando surgiu a narcomáfia global, se deu a revolução nesse sentido. Os países cedem perante a sua pressão. Por um lado, a subcultura narcótica traz os seus valores, e por outro lado, a sociedade se sente incapaz de controlar tais processos.”
Ao mesmo tempo, os remédios narcóticos sempre foram utilizados com fins curativos. No México, onde o consumo de drogas leves está legalizado, tais medidas ajudam a combater o crime organizado. Por isso, no parecer de Alexander Gusev, diretor do Instituto de Planeamento Estratégico, se trata de procura e não de uma revolução.
“As drogas sempre se utilizaram com fins médicos. O Estado irá combater a proliferação de drogas fortes no meio juvenil. Quanto à legalização de drogas leves, estas já foram permitidas em alguns países latino-americanos, em vários estados dos EUA e na Holanda. No entanto, nesses países continua se travando uma luta contra o narcotráfico.”
A existência de drogas vem colocando numerosos problemas sociais, econômicos e políticos. O Estado não pode deixar de controlar o processo de distribuição de drogas. Do ponto de vista biológico, o efeito de drogas sobre o organismo humano é diferente em cada caso concreto. A questão da legalização se prende com o controle e autocontrole, como no caso de consumo de álcool. Claro que uma parte da sociedade pode estar sujeita ao abuso e se marginalizar.
É por isso que na Alemanha, na Grã-Bretanha e na Bélgica foi permitido o consumo de canábis segundo receitas especiais. A sua posse também não se considera crime. Um spray desse tipo será vendido através de receita médica, no caso de “outros meios serem ineficazes para aliviar os sofrimentos do doente”.
Ksenia Fokina

Chico Lang diz que desabafo sobre filho viciado em drogas foi espontâneo

Chico_Lang
O comentarista Chico Lang fez um desabafo inusitado no último domingo, noprograma Mesa Redonda, da TV Gazeta, ao admitir que seu filho sofre com o vício de crack e está internado para se livrar da droga. Diz que tudo saiu de maneira espontânea, sem pautar o discurso antes do programa

O comentarista, conhecido por ser um folclórico torcedor do Corinthians nos debates, disse que o filho Pedro Tiago, 32 anos, está internado em uma clínica no interior do Mato Grosso do Sul e comentou sobre o vício das drogas no país. Também cobrou autoridades depois da reprodução de uma matéria que falava sobre a perspectiva do aumento das vendas de drogas no país na Copa do Mundo.
Chico disse que quis apenas dar esperanças a famílias que sofrem com o mesmo tipo de problema que o que enfrenta com seu filho e não se importou em externar o problema familiar que vive.
“Não foi premeditado não, foi uma coisa que saiu na hora. O país vive mudanças e é  a hora de certa de buscar cura. Foi uma matéria cruel, que mostrava até assassinatos. Mas o que me interessa nessa história é o viciado. O crack é algo difícil de tratar. Quando vi aquela matéria, me senti na obrigação de falar que é possível readaptar e recuperar o drogado”, falou ao UOL Esporte.

“Acho que o crack é a pior droga que tem. Se a pessoa não se cuidar, não tem mais volta. E eu me vi na obrigação de dar um alerta às famílias. E cobrar para que as autoridades entreguem estrutura para recuperação desse mal. Imagino que muitas pessoas passam pelo que venho sofrendo”, continuou.
O comentarista, no entanto, ressaltou que foi só um alerta e não pretende fazer mais cobranças fortes. “Não sou salvador da pátria que vai lutar contra os traficantes. Minha preocupação é apenas com as famílias.”
José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo