quarta-feira, 5 de março de 2014

Brasil é ponto de partida de cocaína, segundo relatório

Revista Exame

Relatório da ONU, divulgado nesta terça-feira, alerta sobre o aumento do consumo interno de cocaína que é mais de 4 vezes superior à média mundial
Cocaína
Cocaína:  acesso fácil ao Atlântico facilita transporte cocaína até a África Ocidental
Viena – O Brasil é o ponto de partida de cargas de cocaína para Europa, via África, e a outros mercados, conforme um relatório da ONU divulgado nesta terça-feira, que alerta sobre o aumento do consumo interno dessa substância.
‘O Brasil, com suas vastas fronteiras terrestres com os três principais países produtores de coca e seu extenso litoral, além de ser o país de destino de grandes quantidades de cocaína, oferece acesso fácil ao Atlântico para transportar cocaína até a África Ocidental e, dali, à Europa’, afirma o relatório anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife).
Como exemplo da globalização do mercado da cocaína e de até aonde chegam as cargas que partem do Brasil, a Jife explica que em anos passados no Iêmen se expropriaram 115 quilos de cocaína em um contêiner de lixo e no Líbano foram confiscados 13 quilos da droga em um avião que vinha do Brasil.
Os analistas ressaltam também que a taxa de prevalência do consumo de cocaína entre adultos em 2011 era de 1,75%, mais de quatro vezes superior à média mundial, de 0,4%, e que foi aumentando nos últimos anos.
Já sobre as drogas sintéticas, a Jife destaca que nos últimos anos aumentaram as apreensões de substâncias como ecstasy e anfetaminas, o que pode ser um indício do aumento do consumo.
‘Segundo o governo do Brasil, no país não são fabricadas drogas sintéticas. Estas são introduzidas ilicitamente no Brasil a partir da Europa, em algumas ocasiões em troca de cocaína’, afirma o relatório.
Em 2011, o Brasil informou uma das maiores apreensões de ecstasy dos últimos 20 anos, com 70 quilos, quando em anos anteriores os volumes eram inferiores a um quilo, segundo a Jife. Em 2012, a polícia expropriou 339 mil comprimidos de ecstasy, 10 mil unidades de anfetaminas e 65 mil alucinógenos, especialmente LSD, especifica o documento.
Já a maconha, a Junta destaca que em 2012, ‘a apreensão de erva diminuiu consideravelmente, de 174 toneladas em 2011 para somente 11,2 toneladas’. O relatório lembra que maconha é a droga mais popular na América do Sul, com 14,9 milhões de consumidores, e alerta da ‘baixa percepção do risco’ que os jovens têm sobre o uso.
No caso do Brasil, a Jife não oferece dados específicos, mas destaca que ‘a prevalência do uso indevido da maconha aumentou visivelmente na região nos últimos anos, especialmente no Brasil’.

ONU condena legalização da maconha nos EUA


Jornal O Estado de S. Paulo
Agência Estado

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A agência de fiscalização de drogas da Nações Unidas declarou que a legalização da maconha nos Estados Unidos, nos estados do Colorado e Washington, é uma ameaça à luta internacional contra os abusos de drogas.

 Em um relatório publicado nessa terça-feira, o Conselho Internacional de Controle de Narcóticos informou que “lamenta profundamente” os avanços dos dois estados norte-americanos no sentido de eliminar as restrições de comercialização e uso da maconha.
O conselho disse que a legalização viola as convenções de controle de drogas e chamou as autoridades nacionais a bloquearem os avanços dos estados. O departamento de Justiça dos Estados Unidos deixou claro de que não irá impedir as decisões dos estados, apesar da lei federal ainda proibir o consumo de maconha.
Fonte: Associated Press.

Magno Malta viaja o Brasil para lutar contra a regulação do uso da maconha

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Na próxima sexta-feira, ele estará em Roraima e Manaus e no sábado no Acre e Rondônia participando de debates públicos sobre a tramitação da lei que regulamente o uso recreativo e medicinal da maconha no Brasil
Em reportagem publicada no jornal o Globo, edição de domingo, senador Magno Malta (PR/ES) disse categoricamente que só vota para aprovar a “legalização” da maconha quem nunca viu a dor ou as lágrimas de uma mãe diante do drama de um filho drogado. Na próxima sexta-feira, ele estará em Roraima e Manaus e no sábado no Acre e Rondônia participando de debates públicos sobre a tramitação da lei que regulamente o uso recreativo e medicinal da maconha no Brasil.
Depois da recente experiência no Uruguai, O Congresso Nacional vai mesmo abraçar o debate e a votação de uma lei que regulamente o uso recreativo e medicinal da maconha no Brasil. O tema é tabu, provoca desconforto quando é abordado, mas os senadores, provocados por proposta de iniciativa popular, mostraram-se dispostos a abrir espaço para que o debate seja feito. A votação, que tem o senador Magno Malta como a maior voz contrária, ainda este ano, no entanto, é descartada já de cara, pois precisa de um grande debate nacional.
Na entrevista ao Globo, Senador Magno Malta afirmou em tom firme que continuará, mesmo com a nova tramitação do projeto de lei de iniciativa popular que trata da legalização do plantio doméstico de maconha e do comércio em locais licenciados, sendo a mais alta voz do Brasil contra qualquer lei que permita o uso de maconha no país. “vou defender os jovens, as famílias e minha pátria contra os malefícios das drogas. Sou o arauto desta guerra”, afirmou Malta.
O projeto de lei foi proposto por meio do portal   e-cidadania do Senado, onde qualquer pessoa pode fazer proposições legislativas, e recebeu mais de 20 mil assinaturas eletrônicas de apoio. Com isso, a proposta seguiu para a Comissão de Direitos Humanos para começar a tramitar. “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é hoje o arauto em defesa da maconha, eu serei o contrário, uma voz firme, um arauto do bem, da família e da sociedade contra a legalização das drogas que jogam os jovens na vala.”Repudiou Magno Malta.
Senador Magno Malta (PR/ES), após o feriado, no próximo dia 7, vai para Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia para lutar contra a legalização da maconha no Brasil, explicar a importância da redução da maioridade penal para acabar com a impunidade e mostrará os reflexos positivos da atuação da Frente Parlamentar Mista Permanente em Defesa da Família Brasileira.
Senador Magno Malta já havia prometido viajar por todo o Brasil para defender suas bandeiras humanitárias, principalmente no tocante ao fim da impunidade para diminuir a violência urbana, que tira o sono do brasileiro. Assim, na próxima sexta-feira, às 8 horas da manhã, chega a Boa Vista, Roraima para uma palestra na Câmara dos Vereadores. “No extremo no País, perto da fronteira, vai ser fácil explicar o grave problema da legalização das drogas. O povo lá sabe que armas, cocaína, maconha e outros produtos entram fáceis pela extensa fronteira e com a legalização vai ficar mais fácil. Por isso fui convidado para iniciar minha caravana no mais longe e crítico Estado que sofre com a total falta de segurança”, explicou o senador, que também fará palestra em Manaus, Acre e Rondônia em uma verdadeira luta contra drogas e a violência.

Dando as mãos na batalha contra a dependência química


Lucas Prates/Hoje em Dia
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Ex-internos, depois de receberem alta, passam a ministrar oficinas para dependentes
 
 Izabela Ventura - Hoje em Dia

Reconhecer o vício, procurar e aceitar o tratamento são desafios árduos aos dependentes químicos. Instituições de apoio como a Associação Mineira de Pais e Amigos para Prevenção e Recuperação do Abuso de Drogas (Ampare) são importantes nesse processo, mas as famílias têm papel crucial na recuperação. Elas devem despertar no usuário de drogas a real necessidade de buscar auxílio profissional.
Mais do que um simples desejo de melhorar, alcoólatras e toxicômanos precisam descobrir, na prática, por que precisam do tratamento. E é muito raro que consigam isso sozinhos, segundo Cristiana Abreu Souza, psicóloga e coordenadora clínica da Ampare.
 
Ela diz que o primeiro passo para despertar a aceitação do dependente é a família procurar orientação. Depois, aprender a deixar o parente sentir na pele as consequências da doença, parando de protegê-lo ao extremo. “Vemos famílias que até pagam as dívidas do usuário com traficantes. Mas elas não podem ser superprotetoras, ou seja, co-dependentes. Às vezes, os demais membros estão tão doentes quanto o dependente”, alerta Cristiana.
 
Sem ameaças
 
Mas é claro que todos devem acompanhar de perto e dosar esse processo, sem usar o método para chantagear ou ameaçar o paciente. A proposta é que a família se fortaleça e posicione-se de forma funcional.
 
“Na medida em que a pessoa desrespeite as regras, perca a honestidade e o respeito, deve sentir as consequências desse comportamento. A família não tem que tolerar todas as atitudes do dependente, e pode intervir”, esclarece a psicóloga.
 
Sob controle
 
Foi o que fez a irmã de B.S.O., de 55 anos, que há seis anos conseguiu controlar o vício em álcool. Alcoólatra desde os 15 anos, ela começou o tratamento tardiamente (aos 49 anos) porque achava que a bebida não atrapalhava as atividades como empresária. A ironia é que um dos empreendimentos dela era um bar. “Eu chegava todo dia para trabalhar e escolhia o que ia beber”, contou.
 
Até que a irmã percebeu que a situação estava insuportável para ambas, e conduziu-a ao tratamento na Ampare. “Eles nos ajudam a fazer uma retrospectiva da nossa vida, do que nos levou àquele ponto e nos fazem perceber o mal que o vício nos causou”.
 
Atualmente, B. está recuperada. Ministra uma oficina de artesanato para dependentes químicos em tratamento na Ampare, frequenta academia, cinemas, teatros e viaja na companhia da irmã.

Estudo da EERP traça perfil de dependente químico em Ribeirão Preto


Marcela Baggini / Serviço de Comunicação Social da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto
 
Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP com usuários dependentes de crack ou cocaína revela que o simples fato de ver pessoas consumindo álcool ou outras drogas pode favorecer a recaída. O estudo foi realizado no primeiro semestre de 2012 com pessoas que buscam tratamento no Centro de Atenção Psicossocial a álcool e drogas (CAPSad) de Ribeirão Preto e traz resultados que podem subsidiar as ações dos profissionais de saúde que realizam atendimentos e contribuir para uma assistência de qualidade e mais efetiva.
Foram entrevistadas 95 pessoas por meio de questionários sobre o padrão de consumo do crack e cocaína; a gravidade do problema em relação ao uso dessas drogas, bem como o uso do álcool e suas consequências para o organismo; família; trabalho e justiça. Com base nas respostas, a enfermeira Josélia Benedita Carneiro Domingues Rocci, a autora da pesquisa, conseguiu traçar o perfil do usuário dessas drogas que chegam para tratamento no CAPSad de Ribeirão Preto.
A professora Sandra Cristina Pillon, orientadora da tese de doutorado de Josélia, afirma que esse é um dos primeiros trabalhos desenvolvidos na EERP sobre o tema. “Ainda são poucos os estudos para avaliar este perfil, frente ao grande número de usuários de crack que tem buscado por tratamento”, conta.
Segundo Josélia, muitas vezes os usuários de drogas chegam às unidades de saúde com comportamento agressivo e desorientados devido ao uso da substância. Nesses casos, os pacientes precisam de cuidados que vão além de medicamentos. “Não é todo profissional que está capacitado para fazer uma abordagem específica ao dependente e iniciar o tratamento imediatamente, ou encaminhá-lo a um tratamento especializado. Às vezes, o profissional atende e considera-o apenas como mais um usuário ou um bêbado”, afirma. Ela ressalta ainda a importância de se conhecer o perfil destes usuários, bem como os problemas que essas drogas têm gerado na vida desses pacientes, para melhorar o atendimento realizado e evitar consequências futuras.

O perfil do usuário

O estudo mostrou que 58,2% dos atendidos eram usuários de crack e 44,2%, de cocaína. “A maioria era homem adulto-jovem, solteiro, com baixo nível de escolaridade, católico, branco e com trabalhos informais. Porém, é importante salientar que os usuários dessas drogas têm suas particularidades.”
Os usuários de crack, em sua maioria, têm de 30 a 49 anos, baixo nível de escolaridade, são evangélicos e estão fora do mercado de trabalho. “Devido à busca constante pela droga, eles não querem trabalhos que paguem depois de 15 dias ou um mês. Eles querem receber pelo serviço no mesmo dia.”
Já os usuários de cocaína são mais jovens, têm entre 18 e 29 anos, possuem ensino médio completo ou incompleto, são católicos e não possuem nenhum vínculo empregatício. A maioria busca tratamento por iniciativa própria ou de seus familiares. “A família não consegue lidar com essa situação e os colocam para fora de casa. Uns ficam debaixo de pontes, outros em casas abandonadas, sempre sem nenhum recurso, o que agrava o estado de saúde.”
O trabalho aponta também que a maioria dos pacientes é branca. “Geralmente, as pessoas acreditam que os usuários de drogas são negros e pardos. Nós estamos mostrando que, para o crack e a cocaína não existem etnias; qualquer um está sujeito.”
Os resultados também apontam que a maioria dos pacientes, principalmente os viciados em cocaína, contam com apoio familiar, o que os motivou a buscar ajuda após chegarem à situação de busca compulsiva pela droga. Por outro lado, entre os usuários de crack, foram detectados maiores problemas familiares.
“Eu sou contra a internação destas pessoas. Elas devem viver na sociedade e não excluídas”, defende Josélia, baseada nos resultados de sua pesquisa, que apontaram como principal causa da recaída a falta de suporte familiar. “Quando eu perguntei se já tentaram parar de beber ou usar drogas, disseram que não conseguiam porque, em casa, havia alguém que bebia ou era usuário de drogas.”

Como melhorar a assistência

Como respaldo aos profissionais da saúde pública, a pesquisa traz, após análise de aspectos de saúde e vida social, peculiaridades dos usuários de crack e cocaína. Além disso, as relações entre aspectos biopsicossociais e o uso dessas drogas também foram ressaltados. “Os resultados permitem afirmar que, apesar das diferenças pontuadas, os pacientes em tratamento e seus familiares requerem uma assistência diferenciada direcionada as suas necessidades específicas”, afirma a orientadora.
Segundo Josélia, o atendimento dado a essas pessoas só vai melhorar caso os profissionais da saúde conheçam melhor suas necessidades e a família receba maior suporte para auxiliar os dependentes.  “Não se trabalha só com o dependente, mas com a família também”, afirma, concluindo que “o serviço de saúde, na maioria das vezes, não está equipado tanto com recursos técnicos ou com recursos humanos.”
Mais informações: email joselia.rocci@hotmail.com

Mistura de drogas e sedativo matou Philip Seymour Hoffman

Ator utilizou heroína, cocaína, anfetamina e sedativo ao mesmo tempo. Overdose acidental provocou morte, segundo legistas


Ator Philip Seymour Hoffman durante uma exibição do filme 'Jogos Vorazes: Em Chamas'
Ator Philip Seymour Hoffman durante uma exibição do filme 'Jogos Vorazes: Em Chamas' - Stephen Lovekin/Getty Images

O ator Philip Seymour Hoffman morreu devido a uma intoxicação por mistura de drogas, incluindo heroína, cocaína, anfetamina e o sedativo e relaxante muscular benzodiazepina. O relatório, divulgado nesta sexta-feira por autoridades da cidade de Nova York, foi publicado no site Entertainment News. Segundo o escritório legista de Nova York, a morte foi considerada acidental.
Hoffman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento, em Manhattan, com uma seringa espetada em seu braço. Durante as investigações, as autoridades encontraram cerca de 50 pacotes de heroína no local.

Hoffman deu entrada em uma clínica de reabilitação no ano passado, após passar mais de duas décadas sóbrio. Segundo amigos que falaram com o site TMZ, o ator assumiu, no fim do ano passado, que havia voltado a usar heroína e pretendia ficar alguns dias sem a droga, porém já planejava voltar ao vício depois do breve período de abstinência, pois não conseguia parar.
Durante as últimas semanas de vida, Hoffman mostrava um comportamento alterado e aparência suja. Quando um dos amigos perguntou a ele sobre a gravidade da situação, o ator respondeu: “Se eu não parar, eu sei que vou morrer.”

Biografia – Nascido em 23 de julho de 1967, o ator de cinema e teatro e diretor Philip Seymour Hoffman se graduou na Escola da Artes da Universidade de Nova York, em 1989, e fez sua estreia no cinema no filme Triple Bogey on a Par Five Hole, em 1991.
Ao longo de mais de vinte anos de carreira, Hoffman se tornou um ícone dentro do cinema independente, com produções de baixo orçamento e diretores autorais. Sua reputação se consolidou com Boogie Nights: Prazer Sem Limites, de 1997, no papel do técnico de som gay Scotty J., que se apaixona por Dirk Diggler, personagem de Mark Wahlberg.
Sua filmografia também conta com títulos como Patch Adams - O Amor é Contagioso (1998), ao lado de Robin Williams; Ninguém é Perfeito (1999), com Robert De Niro; O Talentoso Ripley (1999), com Matt Damon e Gwyneth Paltrow; Magnólia (1999) e Quase Famosos (2000).
Em 2005, ele deixou os papeis de coadjuvante em filmes com grandes elencos, para se tornar o protagonista em Capote. O voto de confiança do diretor Bennett Miller deu a Hoffman seu primeiro e único Oscar na categoria de melhor ator. Após o triunfo no prêmio da Academia de Hollywood, ele conquistou mais três indicações na categoria de ator coadjuvante. Em 2008, pelo longa Jogos do Poder; em 2009, por Dúvida; e em 2013, por O Mestre.
Sua última atuação foi na trilogia Jogos Vorazes, trabalho que destoa de suas escolhas anteriores, mas que mostra sua capacidade de fazer boas atuações nos mais variados estilos.

Do auge à queda: Jardel abre o jogo sobre depressão, drogas e recomeço

Após parar de jogar profissionalmente, ídolo do Grêmio tenta se reerguer no futebol amador e encontra na torcida do Tricolor gaúcho a motivação para continuar lutando

Por Rio de Janeiro

Ele é o único brasileiro com duas Chuteiras de Ouro, prêmio concedido aos maiores artilheiros da Europa. Jogou em dez países: Brasil, Espanha, Inglaterra, Argentina, Turquia, França, Chipre, Austrália, Bulgária e Portugal, onde foi ídolo de duas torcidas, a do Porto e a do Sporting. Herói do Grêmio e um dos cinco maiores goleadores da Libertadores, também vestiu a camisa da Seleção 11 vezes. A história vitoriosa nos gramados poderia ser de fama e fortuna fora dele, mas Mario Jardel Almeida Ribeiro, hoje com 40 anos, segue a carreira na pequena cidade de Ibirubá, no interior do Rio Grande do Sul. Lá ele veste a camisa do clube amador Vila Nova. E reconta para o Esporte Espetacular a trajetória que o levou do auge ao abismo.
Nascido em Fortaleza, Jardel começou no Vasco da Gama. A conquista do carioca de 1993, como reserva, foi seu primeiro título como profissional. Em 1995, foi emprestado ao Grêmio para reforçar o elenco na Libertadores, da qual acabou se tornando artilheiro com 12 gols. Em 1996 transferiu-se para o Porto, depois passou por outros clubes até retornar ao Brasil em 2004, para o Palmeiras. Voltou ao exterior, onde passou por um período de condicionamento físico bastante irregular, o que resultou em uma extensa lista de trocas de clubes. 
Jardel diz que a depressão o levou ao uso de drogas (Foto: Reprodução)Jardel afirma que a depressão o levou ao uso de drogas (Foto: Reprodução)

Em 2008, Jardel abriu o jogo para o Esporte Espetacular e revelou o uso de cocaína podia ser o motivo da perda da forma física. Até hoje, ele tenta se reerguer. A meta é encerrar a carreira em um clube profissional, e aproximar-se do Grêmio e de Porto Alegre faz com que Jardel não se sinta sozinho. Confira a seguir trechos da entrevista com o atacante.
Agora eu tenho que dar a volta por cima e provar, primeiro para mim mesmo, que eu consigo. Isso é muito importante. É matar um leão todos os dias para dizer: não, não e não".
Jardel
Depressão e drogas 
Eu não usava drogas todos os dias, era uma vez ou outra. Conheço muitos jogadores que usam e não assumem. Eu assumi, não tenho vergonha. Em todas as profissões existe essa praga que entra nas famílias e estraga tudo. Graças a Deus eu estou feliz por ter isolado muitas pessoas negativas que me influenciavam. Sem dúvida nenhuma, a depressão me levou para as drogas. Era um momento em que eu precisava, pois achava que podia tudo, que não ia acontecer nada comigo, e depois comecei a me sentir mal comigo mesmo. Agora eu tenho que dar a volta por cima e provar, primeiro para mim mesmo, que eu consigo. Isso é muito importante. É matar um leão todos os dias para dizer: não, não e não.
Amizades no futebol
Não tenho nenhum amigo jogador. Fiquei muito decepcionado com muitas pessoas que estavam por perto de mim porque eu estava jogando, estava no auge e tinha dinheiro. Eu pagava tudo, para mim a coisa material é importante, mas se a gente não tiver caráter, se a gente não tiver a paz, não adianta nada.
Em Porto Alegre, em casa
Me sinto como se os torcedores do Grêmio fossem a minha família. Tenho essa história conquistada que não pode ser apagada. Esse foi o principal motivo de vir para Porto Alegre, pelo carinho que eu precisava, me fortalece, me deixa bem eu sair nas ruas e ouvir: "Poxa, Jardel, quanto tempo a gente não ganha um título". A saída de Fortaleza para Porto Alegre foi muito mais importante para mim, para a minha saúde. Com certeza quero deixar uma nova história como treinador, ou apenas deixar uma imagem de que o Jardel está bem.
Jardel com camisa do Vila Nova (Foto: Reprodução)Jardel com camisa do Vila Nova, onde tenta recomeçar (Foto: Reprodução)
Caindo na real
É um mundo diferente o de jogador, é uma paixão mundial. Ainda mais em um país em que somos os melhores do mundo, você se sente o rei onde chega, em qualquer lugar você é conhecido. Eu acho que no Brasil o jogador tem mais moral, é mais conhecido do que presidente. Aí você cai na real, passa por uma depressão e não reage, para de jogar e tem que nascer de novo. Morre, e tem que nascer um novo homem.

Ilusão
Tem uma ilusão interna, e a pessoa se engana. Você tem tudo, mas quando perde, perde a confiança das pessoas, perde no material também, e todo mundo se afasta. Eu quero ver uma pessoa chegar para te ajudar com palavras. Isso é muito complexo. Deus me deu força para ter fé para mudar. Pois estou bem e podendo dar este testemunho para as pessoas, porque no meu nível, aonde eu cheguei e depois dei aquela caída, eu posso te dizer que fui homem para reagir, ser forte para admitir o meu problema.
Quando você para, cadê as televisões? Cadê os microfones? Cadê o público? Você está
sentado na arquibancada,
mas quer estar lá dentro
Jardel
'Cadê os microfones?'
Existe esse baque, essa morte. Eu acho que nós morremos duas vezes nesse mundo de jogador. Quando você para, cadê as televisões? Cadê os microfones? Cadê o público? Você está sentado na arquibancada, mas quer estar lá dentro. As pessoas já não te olham diferente e você tem que botar o pé no chão e dizer: parei de jogar. Agora eu vou cuidar é de mim. 
A queda e a volta por cima
Fica esse testemunho para vocês. Continua prevalecendo a minha fé diária. É o que eu posso dizer do fundo do meu coração. Isso só Deus me passa, essa paz, é só querer. É só querer, a gente consegue tudo. Eu não consegui chegar à Seleção, que era o meu sonho? Consegui ser fraco, mas também não consegui ser forte? Quando a pessoa chega ao fundo do poço financeiramente, emocionalmente, e não tem amigos, a pessoa não reage. Tem que ter fé. Sem dinheiro, sem a fama, as pessoas longe de você, é um caos. É a lei da vida, muitos falam: você vale o que você tem.