Revista Exame
Relatório da ONU, divulgado nesta terça-feira, alerta sobre o aumento
do consumo interno de cocaína que é mais de 4 vezes superior à média
mundial
Cocaína: acesso fácil ao Atlântico facilita transporte cocaína até a África Ocidental
Viena – O Brasil é o ponto de partida de cargas de cocaína para
Europa, via África, e a outros mercados, conforme um relatório da ONU
divulgado nesta terça-feira, que alerta sobre o aumento do consumo
interno dessa substância.
‘O Brasil, com suas vastas fronteiras terrestres com os três
principais países produtores de coca e seu extenso litoral, além de ser o
país de destino de grandes quantidades de cocaína, oferece acesso fácil
ao Atlântico para transportar cocaína até a África Ocidental e, dali, à
Europa’, afirma o relatório anual da Junta Internacional de
Fiscalização de Entorpecentes (Jife).
Como exemplo da globalização do mercado da cocaína e de até aonde
chegam as cargas que partem do Brasil, a Jife explica que em anos
passados no Iêmen se expropriaram 115 quilos de cocaína em um contêiner
de lixo e no Líbano foram confiscados 13 quilos da droga em um avião que
vinha do Brasil.
Os analistas ressaltam também que a taxa de prevalência do consumo de
cocaína entre adultos em 2011 era de 1,75%, mais de quatro vezes
superior à média mundial, de 0,4%, e que foi aumentando nos últimos
anos.
Já sobre as drogas sintéticas, a Jife destaca que nos últimos anos
aumentaram as apreensões de substâncias como ecstasy e anfetaminas, o
que pode ser um indício do aumento do consumo.
‘Segundo o governo do Brasil, no país não são fabricadas drogas
sintéticas. Estas são introduzidas ilicitamente no Brasil a partir da
Europa, em algumas ocasiões em troca de cocaína’, afirma o relatório.
Em 2011, o Brasil informou uma das maiores apreensões de ecstasy dos
últimos 20 anos, com 70 quilos, quando em anos anteriores os volumes
eram inferiores a um quilo, segundo a Jife. Em 2012, a polícia
expropriou 339 mil comprimidos de ecstasy, 10 mil unidades de
anfetaminas e 65 mil alucinógenos, especialmente LSD, especifica o
documento.
Já a maconha, a Junta destaca que em 2012, ‘a apreensão de erva
diminuiu consideravelmente, de 174 toneladas em 2011 para somente 11,2
toneladas’. O relatório lembra que maconha é a droga mais popular na
América do Sul, com 14,9 milhões de consumidores, e alerta da ‘baixa
percepção do risco’ que os jovens têm sobre o uso.
No caso do Brasil, a Jife não oferece dados específicos, mas destaca
que ‘a prevalência do uso indevido da maconha aumentou visivelmente na
região nos últimos anos, especialmente no Brasil’.
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