Foram analisados 1.957 prontuários dos seis Capes da capital por 6 meses.
Álcool e cigarro são os que mais levam pessoas a procurar atendimento.
Álcool e cigarro são as drogas que mais levaram pacientes a procurar os
Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Outras Drogas (Capes - AD)
no Recife. A maioria dos pacientes – 78% – é do sexo masculino e a
maioria dos que procuram ajuda abandonam o tratamento. Estes são alguns
dos resultados da pesquisa divulgada nesta terça-feira (13) por alunos e
professores das universidades Federal (UFPE) e estadual (UPE) de
Pernambuco.
O estudo se chama "Entre pedras e tiros: perfil dos usuários,
estratégias de sobrevivência e impacto social do uso do crack". Os
pesquisadores da UFPE fazem parte do Grupo de Estudos de Álcool e Outras
Drogas (Gead), ligado ao Departamento de Serviço Social da
universidade. Eles analisaram todos os 1.957 prontuários dos seis Capes
de julho de 2010 a julho 2011.
Os dados revelam que 70% dos dependentes apresentam problemas com
bebida alcoólica. “Como droga lícita, incentivada, é preciso que a gente
repense a forma como entra na vida dos jovens e da sociedade em geral”,
diz a professora Roberta Uchoa, coordenadora do Gead e da pesquisa. Na
maioria das vezes, o álcool está associado a outra droga: 43% dos que
bebem, fumam maconha e 42% usam crack, uma mistura perigosa. Além disso,
86% dos pacientes apresentaram transtorno mental e comportamental
depois do envolvimento com as drogas. Foram colhidos dados de seis Capes
da capital pernambucana.
Entre os dependentes de crack atendidos pelos, 78% são homens. Dos
internos, 35% procuraram ajuda por conta própria, 18% foram levados pela
família e amigos e o restante foi encaminhado por hospitais, justiça ou
polícia – 60% abandonaram o tratamento.
Roberta Uchoa acredita que esse perfil inédito dos usuários vai servir
de parâmetro para o aprimoramento de políticas públicas. “A saúde vai
estar lidando com a prevenção e com o tratamento, mas a gente precisa
ter políticas na área de educação, de lazer e esportes. Precisamos ter
políticas do que a gente chama de restrição de acessibilidade. Esta é
considerada, internacionalmente, como a estratégia mais importante para
redução do acesso às drogas. Ou seja, restringir propaganda, fazer com
que o preço das substâncias psicoativas seja sempre mais alto. No mundo
inteiro, se você for comparar o preço do álcool com o daqui do Brasil, é
um absurdo, a gente não paga praticamente nada”, comenta.
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