quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Celebridades que sucumbem à overdose por drogas e remédios revelam a fragilidade diante do vício

Médicos, jornalistas, atores e cantores são mais suscetíveis a sofrer com o vício em drogas e remédios

Celebridades que sucumbem à overdose por drogas e remédios revelam a fragilidade diante do vício Paris Filmes/Divulgação
Philip Seymour Hoffmann contracena com Joaquin Phoenix no filme "The Master", de 2012. O ator morreu no último dia 2, aos 46 anos Foto: Paris Filmes / Divulgação
 
No auge do sucesso, com uma carreira brilhante pela frente, o sujeito aparece morto no seu apartamento ou em um quarto de hotel. A causa é quase sempre a mesma: overdose de drogas ou medicamentos. A história não é nova e nem rara, mas cada vez que uma notícia dessas toma conta das capas das revistas e sites mundo afora, o fantasma do vício em entorpecentes volta às manchetes, suscitando o assunto na sociedade. O último personagem a encenar essa triste cantilena foi Philip Seymour Hoffmann, um dos atores mais talentosos de Hollywood. Encontrado morto em seu apartamento no último dia 2, possivelmente vítima de overdose de heroína (estava com uma seringa fincada no braço), ele é a mais recente prova de que fama e sucesso podem significar nada diante do irresistível apelo das drogas.

Para a psiquiatra e coordenadora do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Fernanda Ramos, o caso de Hoffmann ilustra uma estatística devastadora: atores, cantores, jornalistas e profissionais de saúde - especialmente médicos - são mais suscetíveis a sofrer com o vício em drogas e remédios.

— A morte de pessoas famosas chama a atenção para um número assustador. De acordo com a ONU, 200 mil pessoas morreram de overdose no mundo em 2013 — alerta.

A alta carga de estresse a que estão submetidos esses indivíduos é o que justifica a estatística. No caso dos artistas, também há uma glamourização das drogas. Vide o recente caso do cantor teen Justin Bieber, que sorriu orgulhoso ao ser preso depois de dirigir sob o efeito de álcool e remédios controlados.

— Drogas e medicamentos podem ter efeito estimulante no começo, o que pode favorecer a carreira. Mas é bom lembrar que isso é efêmero, é uma ilusão. Essas substâncias cobram seu preço — ressalta Fernanda.

As carreiras longevas de artistas "certinhos" ajudam a sustentar a afirmação. Paul McCartney, apesar de admitir ter experimentado todas as drogas com os Beatles, abraçou há muito um estilo de vida saudável, sem extravagâncias de qualquer natureza. Hoje, aos 71 anos, é o artista mais bem pago do showbizz. Angelina Jolie, que no início da carreira fazia o tipo bad girl, adepta do sexo livre e do uso de drogas, viu a própria imagem ser catapultada ao casar-se com Brad Pitt e assumir o lado mãe zelosa. O primeiro passo para fugir da armadilha é a prevenção. Resistir é sempre mais fácil do que abandonar o vício, diz Fernanda. Contar com a adesão do usuário ao tratamento é o principal fator de sucesso em casos de reabilitação.

O exemplo de Philip Seymour Hoffmann, que internou-se em 2013 para tentar abandonar o vício, prova que esse é o papel mais difícil de representar. Mesmo para um dos atores mais geniais de todos os tempos.


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