Médicos, jornalistas, atores e cantores são mais suscetíveis a sofrer com o vício em drogas e remédios
Philip
Seymour Hoffmann contracena com Joaquin Phoenix no filme "The Master",
de 2012. O ator morreu no último dia 2, aos 46 anos
Foto:
Paris Filmes / Divulgação
Patricia Lima
Para a psiquiatra e coordenadora do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Fernanda Ramos, o caso de Hoffmann ilustra uma estatística devastadora: atores, cantores, jornalistas e profissionais de saúde - especialmente médicos - são mais suscetíveis a sofrer com o vício em drogas e remédios.
— A morte de pessoas famosas chama a atenção para um número assustador. De acordo com a ONU, 200 mil pessoas morreram de overdose no mundo em 2013 — alerta.
A alta carga de estresse a que estão submetidos esses indivíduos é o que justifica a estatística. No caso dos artistas, também há uma glamourização das drogas. Vide o recente caso do cantor teen Justin Bieber, que sorriu orgulhoso ao ser preso depois de dirigir sob o efeito de álcool e remédios controlados.
— Drogas e medicamentos podem ter efeito estimulante no começo, o que pode favorecer a carreira. Mas é bom lembrar que isso é efêmero, é uma ilusão. Essas substâncias cobram seu preço — ressalta Fernanda.
As carreiras longevas de artistas "certinhos" ajudam a sustentar a afirmação. Paul McCartney, apesar de admitir ter experimentado todas as drogas com os Beatles, abraçou há muito um estilo de vida saudável, sem extravagâncias de qualquer natureza. Hoje, aos 71 anos, é o artista mais bem pago do showbizz. Angelina Jolie, que no início da carreira fazia o tipo bad girl, adepta do sexo livre e do uso de drogas, viu a própria imagem ser catapultada ao casar-se com Brad Pitt e assumir o lado mãe zelosa. O primeiro passo para fugir da armadilha é a prevenção. Resistir é sempre mais fácil do que abandonar o vício, diz Fernanda. Contar com a adesão do usuário ao tratamento é o principal fator de sucesso em casos de reabilitação.
O exemplo de Philip Seymour Hoffmann, que internou-se em 2013 para tentar abandonar o vício, prova que esse é o papel mais difícil de representar. Mesmo para um dos atores mais geniais de todos os tempos.
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